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Quais são as consequências do excesso de estoque para as empresas?

Onil Pereyra
Onil Pereyra |
Quais são as consequências do excesso de estoque para as empresas?
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Por trás do excedente de produtos não comercializados, há um custo invisível que faz com que empresas percam dinheiro, afetem sua reputação e gerem um enorme impacto negativo para o meio ambiente.

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O excedente de mercadorias é um problema para empresas em todo o mundo. Seja no varejo, na indústria da moda, no setor de eletrônicos ou alimentício, manter grandes volumes de produtos parados gera custos elevados, impacto ambiental significativo e até mesmo crises de reputação para as marcas. Mas quais são as consequências reais desse problema e como ele pode ser mitigado?

Nos últimos anos, diversas empresas foram expostas por destruir mercadorias novas não vendidas. Um dos casos mais emblemáticos foi o da marca inglesa de luxo Burberry, que, em 2017, incinerou o equivalente a £28 milhões (mais de R$ 170 milhões em valores atuais) em produtos não vendidos para manter a exclusividade da marca. Segundo estimativa da BBC, nos cinco anos anteriores, a marca teria destruído mais de £90 milhões. Após uma onda de críticas, a empresa rever sua política de descarte. 

Embora pouco conhecida pelos consumidores, a prática, comum na indústria da moda, de destruir itens não vendidos — muitas vezes por meio da queima — é feita para evitar o roubo ou a revenda a preços reduzidos. No Brasil, o problema também é comum, embora menos transparente. O varejo, especialmente no setor de moda e eletroeletrônicos, enfrenta desafios logísticos e fiscais que dificultam a revenda de itens parados. Em muitas das vezes, produtos são destruídos ou descartados por questões tributárias ou de posicionamento de marca.

Impacto ambiental e social do excesso de estoque

Destruir produtos não vendidos tem um peso ambiental gigantesco. Quando incinerados ou descartados em aterros, há um desperdício de recursos naturais como água, energia e matérias-primas não renováveis. No Brasil, a indústria da moda gera cerca de 170 mil toneladas de resíduos têxteis anualmente, mas apenas 20% desse volume é reciclado ou reaproveitado, como revelado por dados do Sebrae​.

Além disso, o descarte inadequado gera poluição e contribui para o aumento das emissões de CO₂. Um estudo da Ellen MacArthur Foundation apontou que, no setor de moda, 73% das roupas produzidas acabam em aterros ou são incineradas. No setor de eletrônicos, o impacto é ainda maior, com toneladas de dispositivos descartados de forma incorreta todos os anos, agravando a crise do lixo eletrônico, a contaminação do solo e até mesmo agravando situações de conflito nos países de onde a matéria-prima é extraída.

Se considerarmos os custos globais de gerenciamento de resíduos sólidos municipais e os custos ocultos de poluição, saúde precária e mudanças climáticas decorrentes de práticas inadequadas de descarte de resíduos, a estimativa do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma) é de um gasto anual de US$ 640,3 bilhões até 2050 – quase o dobro do custo de 2020.

No Brasil, a logística reversa ainda é um desafio. Apesar de avanços na legislação, como a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), muitas empresas ainda têm dificuldade em estruturar cadeias de reaproveitamento eficientes para estoques excedentes.

Reputação em risco

A era da transparência exige que empresas adotem práticas mais responsáveis com seus estoques. Quando casos de destruição de mercadorias são expostos, marcas sofrem desgastes irreparáveis. Consumidores cada vez mais atentos às práticas ESG (Ambiental, Social e Governança) não hesitam em boicotar empresas que não demonstram compromisso real com a sustentabilidade.

No Brasil, grandes varejistas têm investido em soluções mais sustentáveis para lidar com excedentes, apostando em parcerias com marketplaces especializados e programas de doação. Empresas que adotam práticas mais conscientes tendem a ganhar a confiança dos consumidores e evitar crises reputacionais.

O custo invisível do excesso de estoque

Além do impacto ambiental e na reputação da marca, manter estoques parados não sai barato. Existem uma série de custos, tangíveis e intangíveis para um negócio. Os custos tangíveis incluem armazenamento, aluguel do espaço físico, energia, manuseio, seguro das mercadorias. Já os custos intangíveis compreendem o custo de oportunidade do dinheiro usado para comprar o estoque e o custo de deterioração e obsolescência das mercadorias armazenadas. Produtos parados perdem seu valor rapidamente, especialmente em setores como moda e tecnologia, reduzindo a margem de lucro e tornando-os, na maioria dos casos, obsoletos. 

Estoques parados são ainda um agravante para a perda de capital de giro, considerado um custo de oportunidade, definido como o preço de abrir mão de outros usos, possivelmente mais vantajosos, para o dinheiro imobilizado nas mercadorias armazenadas. Em outras palavras, perdem-se oportunidades de investir em inovação, expansão e outras frentes importantes e mais rentáveis para o negócio. Empresas que não controlam seu estoque de forma eficiente correm o risco de perder competitividade, pois não conseguem reagir rapidamente às mudanças do mercado. 

Transformando o excesso em oportunidade

Transformar essa dor, compartilhada por muitas companhias, em oportunidade é uma realidade. Uma das principais estratégias é a revenda em marketplaces B2B, onde as empresas vendem seus estoques excedentes para um público qualificado, evitando desperdícios e aumentando a liquidez. 

 Essa é uma das propostas da Backchannel, plataforma B2B privada que conecta as melhores marcas vendedoras com compradores de forma eficiente, anônima, considerando todas as necessidades –  de ponta a ponta –  dos negócios. Ao incentivar a revenda e o consumo consciente, a Backchannel fecha o ciclo da economia circular das empresas, sem ruídos reputacionais, com total discrição, poder de escolha para eleger os compradores ideias, controle sobre a distribuição dos produtos e mais valor para estoques.

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